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Desconstruindo os Daimons

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darkin 5 days ago
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Neste texto, busco explorar e apresentar algumas percepções diferentes sobre o que são os daimons da Goetia. Afinal de contas, o que eles são? Anjos caídos? Demônios? Deuses esquecidos?

Já adianto, eles são tudo isso e, ao mesmo tempo, nada disso. Talvez essa explicação soe confusa, e talvez a resposta não seja satisfatória. Mas, para aqueles que verdadeiramente querem compreender os mistérios da magia, este texto será de grande auxílio.

Desconstruindo os Daimons-Neste texto, busco explorar e apresentar algumas percepções diferentes sobre o que são os daimons d

  A Goetia é um sistema mágico que dispensa apresentações. Ela já estourou a bolha do ocultismo e agora está em todos os lugares, filmes, séries, livros. Quem nunca ouviu falar dos 72 demônios que, segundo a lenda, o rei Salomão selou e controlou para a construção de seu templo?

  Essa história já se tornou repetitiva, mas, para compreender o que são os daimons, precisamos de contexto histórico.A Goetia nasceu na Grécia, não como a conhecemos hoje, mas podemos afirmar que foi ali seu berço. Naquela época, era uma prática ligada à necromancia, na qual os praticantes invocavam os espíritos dos mortos para diversos fins. Esses praticantes trabalhavam com deuses e deusas que eram considerados responsáveis por remover o véu entre os planos e abrir os portais do submundo.Além dessas divindades, também era comum o trabalho com os daimons, que, naquela época, eram vistos como deidades menores. Existiam os Agathos Daimon e os Kakos Daimon, respectivamente espíritos bons e maus. Os praticantes de Goetia não se limitavam aos Agathos Daimon; pelo contrário, trabalhavam principalmente com os Kakos Daimon, o que, mesmo naquela época, já era uma prática malvista.

  Com a influência cristã, após a conversão da Grécia ao Cristianismo, muitas práticas mágicas foram banidas. O que era compatível com a religião cristã foi assimilado, mas muito do antigo sistema mágico-religioso ou a ser visto como blasfêmia. A Goetia foi totalmente demonizada. Já era malvista antes, e aos olhos da nova Grécia cristã, foi praticamente apagada.

Uma curiosidade interessante é que o termo demônio deriva do termo daimon, sendo “demônio” uma forma corrompida de seu significado original.

  O que restou da Goetia permaneceu escondido tanto pelos praticantes quanto pela própria Igreja, que reteve esse conhecimento para si. Algo importante que sempre gosto de mencionar quando trato desse tema e que é fundamental para compreender este assunto é o poder da narrativa. Desde sempre, a narrativa é a arma mais poderosa. Ela transforma alguém em herói ou vilão, gera vida ou morte, traz paz ou guerra. Aqueles que detêm o poder da narrativa moldam o mundo à sua vontade.Existe uma frase que ilustra bem isso:

"Os deuses dos derrotados serão os demônios dos vencedores."

  Então, voltemos à pergunta inicial. O que são os daimons? E eu lhe pergunto. Sob qual narrativa estamos olhando?

Até o fim do texto, tente construir sua própria resposta para essa pergunta.

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  Com o ar da história, já na era medieval, vemos esse assunto ressurgir. Inúmeros grimórios surgiram. E, nesse ponto, dou crédito à Igreja Católica, muito do que conhecemos como magia e muitos dos grimórios que estudamos hoje foram produzidos por padres, monges e pessoas de classes sociais elevadas. A Goetia sempre foi e sempre será um sistema em constante evolução. Desde suas primeiras manifestações, sempre foi um trabalho de “formiguinha”. Um estudante dedicava sua vida a esse estudo, para que outro viesse e o aprimorasse.

  Ao falar dessa forma, é importante reconhecer o movimento histórico envolvido. A construção dos grimórios e a formação do sistema mágico da Goetia, como conhecemos hoje, foi longa e demorada. Citar cada nome e cada etapa exigiria um texto à parte, o que não é o objetivo aqui.

  Depois de toda essa evolução, hoje temos sistemas mais complexos, elaborados, seguros e eficientes. Temos fórmulas rituais, nomes dos seres e suas funções. Mas, com toda essa informação, o mais importante se perdeu! A interpretação e o desejo de compreender o que são essas forças.

  Os daimons surgem como deidades menores no panteão grego. Nesse contexto, representam forças ligadas à matéria, extremamente influentes sobre os homens e o plano físico.

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  A partir da influência católica, amos a ter novas visões sobre eles. A ideia de anjo caído parece uma tentativa de associar o mal cristão a essas forças o que, novamente, reforça o mesmo ponto, forças rebeldes, seres malévolos, aprisionados, ligados ao plano físico e influentes sobre os humanos.Percebe como a narrativa muda, mas as características permanecem?

  A visão dos daimons como demônios ou deuses esquecidos também é responsabilidade da Igreja Católica. E podemos responder a ambas as visões de forma conjunta, demonizar é, de forma simples, deturpar o sentido e a natureza original de algo. Como mencionei anteriormente, "Os deuses dos derrotados serão os demônios dos vencedores."

Dessa forma, encontramos em inúmeros daimons características que os relacionam, de forma inegável, a muitos deuses e criaturas mitológicas.

  No meu texto anterior, mencionei como nós, seres humanos, temos a necessidade de dar nomes, formas e características às forças com as quais lidamos. É assim que se forma uma egrégora.Quando disse que os daimons são tudo isso e, ao mesmo tempo, nada disso, me referia ao fato de que, enquanto egrégoras criadas por pessoas, eles podem assumir todas essas formas. Mas, ao retirarmos as roupagens que demos, o que vemos são apenas energias densas, perigosas e extremamente influentes no plano físico.

Então, meu conselho aos magistas que desejam trabalhar com os daimons é, não se limitem aos grimórios existentes e aos sistemas mágicos pré-estabelecidos. Ao conhecer a natureza dessas energias, você, enquanto magista, pode criar seus próprios rituais e seu próprio sistema simbólico.

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  Desta vez, quem comanda a narrativa é você.

Vale lembrar, porém, que isso não significa oba-oba. Trabalhar com essas energias requer respeito e muito cuidado. E também vale mencionar que as vezes o tradicional bem feito é melhor do que uma invenção mirabolante.

  De toda forma encerro esse texto com muito carinho e respeito por todos os que tem acompanhado minhas postagens, desejo a vocês, sorte, luz e muito conhecimento em suas jornadas, e principalmente desejo lhes coragem. Como diria Crowley, "Faça oque tu queres, há de ser tudo da lei."

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-Autoral.

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Texto excepcionalmente necessário!!! No parágrafo que você menciona que os daimons são ao mesmo tempo nada e tudo, como você explicou, é por questão de formação de uma egregora em vista da moldagem a partir da mente humana que, muitas das vezes, pode ser perigoso, tanto por seres mais atuantes no plano material, diferente dos anjos. Antes, quando eu não estava nesse mundo de ocultismo ainda, eu não sabia de nada disso, tinha aquela visão genérica de "anjo caído" e de seres malignos. Mas não, eles são o que você molda e se relacionam com você do jeito que você trabalha com os mesmos.

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1 Reply 4 days ago

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0 Reply 4 days ago
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